Eleições presidenciais de 2024 e os desafios de novos e velhos líderes mundiais no novo ano
- Beatriz Serejo e Maurício Luz
- 13 de jan.
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de jan.
De Donald Trump nos Estados Unidos a Nicolás Maduro na Venezuela, o início de 2025 é marcado por mudanças, reeleições e novas lideranças femininas
As eleições presidenciais de 2024 trouxeram importantes mudanças no panorama político internacional. Com reeleições polêmicas, transições de poder e a ascensão de novas figuras, os desafios enfrentados pelos líderes eleitos incluem reformas econômicas, combate à corrupção e tensões globais. Destaques incluem os Estados Unidos, com a volta de Donald Trump, e a Venezuela, marcada por controvérsias sobre a legitimidade do pleito.
Em um cenário de alta polarização, os países enfrentam expectativas internas e internacionais para atender às demandas de suas populações e fortalecer suas democracias. Confira os principais resultados, cenários e posses previstas.
Estados Unidos: Trump retorna à Casa Branca
Donald Trump venceu as eleições presidenciais de 2024 nos EUA, conquistando um segundo mandato não consecutivo, algo inédito desde o século XIX. A posse, marcada para 20 de janeiro de 2025, ocorre em um contexto de alta polarização política e expectativas globais quanto à sua política externa e econômica.
A volta de Trump ao cenário político promete ser marcada por protecionismo, polêmicas imigratórias e muita incerteza. Hugo Salles, economista e estudante de relações internacionais, afirma que essa reeleição será responsável por muitas movimentações no cenário geopolítico. “Sua volta favorece o dólar, que já bateu a máxima histórica, o que aumenta a pressão cambial nos países mais vulneráveis, como o Brasil. Muito do que acontecerá em 2025 será determinado pelas ações de Trump.”
A valorização da moeda americana encarece as importações para países que utilizam o dólar como referência em suas transações comerciais, pressionando a inflação e reduzindo o poder de compra. Além do Brasil, outros países emergentes também verão a desvalorização da moeda local frente ao dólar, o que pode agravar a dívida externa e dificultar o acesso ao crédito internacional.
Para o economista, este será um momento marcado pela competição e instabilidade. “A guerra na Ucrânia, por exemplo, continua a ser um dos principais focos de tensão, com impactos diretos na inflação e polarização global. Outras regiões como o Oriente Médio, a África e o Sudeste Asiático também vivem conflitos que já estão gerando fluxos migratórios e o fortalecimento de grupos extremistas”.
Esse aumento das tensões geopolíticas pode levar à redefinição das alianças internacionais, assim como à aceleração da transição energética. Instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) preveem que o crescimento do PIB mundial permanecerá estável, acima dos 3%.
Venezuela: Maduro e a eleição controversa
Nicolás Maduro foi reeleito presidente em pleito realizado em 28 de julho de 2024, obtendo 51,2% dos votos, segundo a contagem oficial. No entanto, a oposição contesta o resultado, alegando falta de transparência, enquanto organismos internacionais mantêm pressões por maior legitimidade democrática. Maduro está no poder desde 2013, e este seria seu terceiro mandato consecutivo.
A eleição foi marcada por acusações de irregularidades, incluindo supressão de candidatos opositores, intimidação de eleitores e controle estatal sobre os meios de comunicação. Observadores internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia, expressaram preocupações sobre a falta de condições justas para a disputa.
A posse ocorreu em 10 de janeiro de 2025, mas a incerteza sobre a legitimidade do mandato gera tensões dentro e fora do país. Diversos líderes mundiais – como o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva – não compareceram, sinalizando um possível isolamento diplomático do governo venezuelano.
Enquanto isso, a população enfrenta uma grave crise econômica, com inflação descontrolada, escassez de alimentos e medicamentos, além de um êxodo migratório crescente. A instabilidade política e social ameaça agravar ainda mais a situação, aumentando a pressão por soluções que tragam equilíbrio ao país.
O futuro da Venezuela segue incerto, com a comunidade internacional dividida entre o reconhecimento do governo de Maduro e a busca por alternativas democráticas que representem a vontade do povo.
Uruguai: Frente Ampla retoma o poder
Yamandú Orsi, da Frente Ampla, venceu as eleições no Uruguai e tomará posse em 1º de março de 2025. Ele promete revitalizar a economia e reforçar políticas sociais, marcando o retorno da coalizão de esquerda ao governo.
Outros destaques globais
Sri Lanka: Anura Kumara Dissanayake assumiu a presidência do Sri Lanka em setembro de 2024, prometendo reformas econômicas e combate à corrupção, ligado a ideais marxistas.
Argélia: Abdelmadjid Tebboune foi reeleito e empossado presidente da Argélia em dezembro de 2024, com foco em reformas econômicas e maior inclusão política da juventude. Ele obteve 94,65% dos votos no pleito de setembro do último ano.
Moçambique: Daniel Chapo foi eleito presidente e assumirá o cargo em 15 de janeiro de 2025. Ele sucederá Filipe Nyusi e enfrentará desafios como o desenvolvimento econômico e o combate à violência nas regiões do norte. A eleição do candidato da Frente de Libertação gerou revolta de parte da população e cenas de conflitos civis.
Namíbia: Netumbo Nandi-Ndaitwah é a primeira mulher eleita presidente no país. Ela atua como vice desde a morte do antigo presidente Hage Geingob, em fevereiro do ano passado, e faz parte do partido Swapo, que controla a Namíbia desde a independência. Ainda sem data oficial, a posse deve ocorrer em 21 de março, conforme a tradição no país.
Gana: Reeleito, John Mahama retornou ao cargo de presidente em 7 de janeiro de 2025, comprometido com a revitalização econômica.
Moldávia: Maia Sandu foi reeleita e tomou posse pela segunda vez em dezembro de 2024, reforçando sua agenda pró-europeia.
Palau: Surangel Whipps Jr. garantiu um segundo mandato com foco em sustentabilidade ambiental.
Publicado por: Ana Luiza Andrade