Dezembro Vermelho: a importância do mês de conscientização e prevenção sobre HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis
- Vinicius Rodrigues
- 13 de jan.
- 5 min de leitura
Atualizado: 14 de jan.
Ministério da Saúde realizou, no último mês, campanha alusiva ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids para informar a população sobre maneiras de prevenção e combate ao HIV/Aids. Apesar do avanço científico contra a infecção, pessoas que convivem com a infecção ainda enfrentam preconceito na sociedade

“Eu fui a uma festa, e todos ali eram recebidos com abraços, e eu esperei o meu, fiquei com os meus braços erguidos, mas não chegou o meu abraço. Então, eu abaixei os meus braços e segui. E eu gosto de abraços!” Este sensível relato é de Nair Brito, em matéria sobre o tema na GloboNews, que foi diagnosticada com HIV em 1992, período inicial em que a Aids foi anunciada no Brasil, gerando pânico e apreensão na população.
No entanto, mesmo depois de mais de 30 anos, o vírus HIV, causador da Aids, continua a estigmatizar pessoas diagnosticadas. Embora a ciência já tenha avançado, e o HIV já possa ficar indetectável no corpo de uma pessoa que vive com HIV (e, com isso, ela deixa de transmitir o vírus), a dor que o preconceito causa permanece na sociedade.
1º de dezembro é, então, o “Dia Mundial de Prevenção e Combate contra o HIV/Aids”. A Aids é a síndrome da imunodeficiência adquirida, cujo vírus causador ataca o sistema imunológico de defesa do corpo humano, deixando-o vulnerável a doenças. Suas principais formas de contágio se dão por relações sexuais desprotegidas, transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas contaminadas e durante o parto, caso não haja acompanhamento prévio, como o pré-natal, ou na amamentação.
A campanha do Governo Federal ressalta a luta global contra o HIV/Aids no Dezembro Vermelho, que visa informar a população sobre práticas seguras contra a infecção e realizar a testagem para o tratamento precoce, gerar a discussão pública sobre o tema, que é considerado tabu até os dias de hoje, e reduzir o estigma de pessoas que convivem com HIV/Aids. A divulgação também conscientiza sobre outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Cuidados de prevenção ao HIV/Aids
O Conexão Uerj conversou com a professora Cláudia Cunha, do Departamento de Psicologia Social e Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), sobre a importância da campanha Dezembro Vermelho na contemporaneidade.
“Mais de 52 mil jovens de 15 a 24 anos com HIV evoluíram para Aids nos últimos 10 anos, ou seja, são pessoas que não tiveram acesso aos testes, e já se descobriram a partir dos sintomas da Aids. Os jovens representam a população com a maior taxa de infecções por HIV, logo se dá a importância da campanha Dezembro Vermelho”.
A professora destacou os cuidados de prevenção para o combate ao HIV/Aids:
“A testagem regular para HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis; a prevenção da transmissão vertical, que é da mãe para o bebê; usar preservativo interno e externo – pois a gente não fala mais preservativo masculino e feminino, considerando pessoas trans, então o antigo preservativo masculino é chamado de preservativo externo, e o feminino de interno –, e o uso do lubrificante é fundamental não só contra o HIV, mas também contra outras infecções sexualmente transmissíveis; e o diagnóstico e tratamento imediato que ajuda a ter qualidade de vida, pois se a pessoa descobre logo que tem HIV, e inicia o tratamento, e fica indetectável, com o uso de medicamentos, essa pessoa terá uma melhor forma de viver em comparação com aquela que descobre o HIV já com sintomas, no desenvolvimento da Aids”.
Além disso, com a utilização contínua e correta dos medicamentos, o paciente pode ficar indetectável para o HIV no corpo, e não transmitir o vírus. Há também possibilidade de medicamentos de prevenção ao HIV, como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), e para pós exposição ao vírus, a PEP (Profilaxia Pós-Exposição). O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para prevenção e tratamento contra a infecção por HIV/Aids.
Campanha Nacional contra HIV/Aids
O Governo Federal reforça para a sociedade brasileira como se prevenir contra o vírus causador da Aids, o HIV, por meio de: instalações de centros de testagens em pontos estratégicos pelos estados ao redor do país, como em grandes centros urbanos; palestras que visam tirar dúvidas da população acerca do tema; além de peças publicitárias veiculadas em todos os meios de comunicação.
Na campanha atual, o lema do Ministério da Saúde é: “HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se.” A peça televisa conta de forma majoritária com pessoas LGBTQIA+ em podcasts, tirando dúvidas sobre prevenção e combate. Como exemplo, a peça informa que a Aids não é passada pelo ar, nem por contato com a pessoa diagnosticada com HIV ou por compartilhamento de objetos. E uma das características principais da campanha, além de tirar as dúvidas e informar a população, é o uso do bom humor e da vivacidade dos seus interlocutores, trazendo naturalidade ao assunto, além de focar as mídias sociais, mirando o público jovem.
As redes sociais como ferramenta de combate e conscientização sobre HIV/Aids
No mundo das redes sociais, que conectam todos diante de debates e discussões sobre diversos temas, o psicólogo Danilo Valisserra Hortencio procura ajudar no combate ao HIV/Aids, pois ele compartilha o seu dia a dia, convivendo com o diagnóstico, em seus perfis nas redes, e procura mostrar que a vida é muito mais bela quando uma pessoa que convive com o HIV/Aids é tão normal quanto a das outras pessoas. Assim, ele busca combater o estigma da população que convive com HIV/Aids (PVHA) e conscientizar os seus seguidores com postagens que informam sobre prevenção e cuidados. O lema do psicólogo em seu perfil no Instagram é: “Vamos falar de saúde mental e vida saudável para PVHA?”.
Em postagem feita em seu perfil no X (antigo Twitter), Danilo expõe sua foto segurando um pequeno comprimido de seu medicamento, que o ajuda a viver em plena saúde sendo PVHA, e ressalta que gostaria que fosse fácil combater o preconceito, assim como é combater o HIV/Aids.
Em conversa com o Conexão Uerj, Danilo falou sobre a importância de tornar público o seu diagnóstico e o seu trabalho nas redes sociais:
“A minha principal mensagem é que a vida não para com o diagnóstico de HIV. O tratamento é a chave para uma vida longa, saudável e normal. Quanto mais falarmos sobre o tema e quebrarmos o preconceito, mais pessoas terão acesso a informações precisas e compreenderão que as pessoas que vivem com HIV/Aids merecem respeito, carinho e dignidade. O HIV/Aids não nos define.”
Danilo também destaca que tornar o mundo melhor para pessoas que vivem com HIV é um esforço coletivo, e governo e sociedade têm que caminhar juntos para que isso aconteça:
“A aceitação e o respeito são fundamentais para criar uma sociedade mais justa, na qual o HIV seja visto como uma questão de saúde tratável, e não como motivo de exclusão”.
Para mais informações sobre prevenção, testagem e cuidados de HIV/Aids, acesse o site do Ministério da Saúde.
Publicado por: Nicole Galvão